PT lança pré-candidatura de Lula em Porto Alegre: ‘Pode e será o nosso candidato’

Centenas de militantes e apoiadores do Partido dos Trabalhadores compareceram ao Parque da Redenção, em Porto Alegre, na manhã deste domingo (27) para um ato de pré-lançamento da candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República. De acordo com lideranças do partido, o objetivo da ação, que precede um evento nacional de lançamento da candidatura marcado para o próximo dia 9 de junho, em Belo Horizonte (MG), é demarcar que Lula poderá sim participar da corrida eleitoral mesmo estando atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).

 

Com diversas lideranças do partido presentes, a mobilização para o ato começou por volta das 10h, mas as falas começaram apenas às 11h, se estendendo até por volta das 12h30. Ex-ministro nos governos Lula e Dilma e atual pré-candidato ao governo do Estado, Miguel Rossetto foi o último a falar no evento. Em conversa com a reportagem, ele avaliou que a candidatura do ex-presidente só tende a crescer porque ele seria a única liderança com credibilidade junto ao povo brasileiro para estabilizar o país e recolocá-lo na rota da democracia e do desenvolvimento. “A percepção é crescente no povo brasileiro de que a crise política, econômica e social profunda que o golpe jogou o país só é superada pela retomada da soberania popular”, disse. “Por isso vai crescer muito a força da candidatura do Lula”.

 

Presidente estadual do PT, o deputado federal Pepe Vargas, explicou que o ato faz parte de uma orientação da Executiva do partido para que todos os diretórios municipais realizassem atividades relacionadas ao lançamento da pré-candidatura de Lula com o intuito de dar visibilidade à população de que o ex-presidente poderá sim concorrer nas eleições de outubro. “É uma forma da gente mostrar para a população brasileira que o Lula pode ser candidato e será o nosso candidato, porque há uma tentativa de certos setores de dizerem que a candidatura dele não é permitida, quando é, porque não tem uma decisão em trânsito em julgado e ele poderá entrar com uma ação cautelar para garantir o seu direito”, disse.

 

Pepe destaca que, nas eleições de 2014, mais de 140 candidatos que tinham contra si condenações em segunda instância e conseguiram concorrer graças a medidas cautelares. “Boa parde deles ganhou eleições”, afirmou.

 

O deputado reforça que o objetivo do partido é também promover o debate de que não há provas contra o Lula e que ele foi condenado com base em “convicções” do Ministério Público Federal e do juiz Sérgio Moro. “Esse debate que a gente vem travando já permite que uma parcela expressiva da população já compreenda que o Lula é vítima de uma perseguição política. Precisamos fazer agora um novo debate de que ele pode ser candidato, de que tem os seus direitos políticos preservados”, disse.

 

Segundo a pesquisa de maio do Barômetro Político Estadão-Ipsos divulgada na última sexta-feira (25), 45% dos entrevistados aprova a atuação política do ex-presidente Lula. O índice é o melhor entre todos os 20 nomes apresentados. A avaliação foi feita com base na pergunta “Aprova ou desaprova a maneira como vêm atuando no País?”.

 

As pesquisas de intenções de voto para presidência também tem, consistentemente, apontado Lula na liderança da corrida eleitoral. No início de maio, o levantamento do instituto MDA para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostrou que ele tinha 32,4% da preferência do eleitor brasileiro em um cenário de primeiro turno.

 

Rossetto também acredita que seja crescente a percepção entre a população de que o processo que condenou Lula em segunda instância não demonstra consistência. “A verdade é filha do tempo, não da autoridade”, afirmou.

 

No próximo dia 9, o PT realiza em Belo Horizonte um ato nacional de lançamento da pré-candidatura de Lula à presidência. Segundo Rossetto, o objetivo é demonstra que não há plano B. “Hoje, essa é a posição forte e unificadora do PT com o povo brasileiro”, disse.

 

Greve dos caminhoneiros

O ato político do PT ocorre em meio à uma crise política e de abastecimento que envolve o governo Temer (MDB) em razão da greve dos caminhoneiros contra o preço dos combustíveis, que entrou em seu sétimo dia neste domingo.

 

Rossetto afirma que a crise é resultado de três anos de recessão e de uma “política irresponsável contra o país da gestão Parente/Temer na Petrobras”. Ele defendeu como solução para a escalada do preço dos derivados do petróleo o fim da política de paridade internacional e a retomada da capacidade total de produção nas refinarias. Por outro lado, declarou ser contrário ao acordo que vem sendo costurado em Brasíia, que prevê principalmente a reduação de impostos e a adoção de subsídios ao diesel. “Não é correta a ideia de retirar recursos do orçamento público para financiar interesses privados na Petrobras. O orçamento público é do povo brasileiro e tem que ser investido em saúde e educação”, disse.

 

Pepe também avalia que uma proposta de solução para a crise passa pela mudança na política de preços da Petrobras e pela retomada da capacidade de refino. “Essa crise é a demonstração de um governo que não governa de acordo com os interesses do povo brasileiro, mas subordinado aos interesses do sistema financeiro e das multinacionais do petróleo”, disse.

 

Luís Eduardo Gomes
Publicado em: Sul21

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