No mundo do presidente, você não está entre as prioridades
O presidente (com p minúsculo mesmo), governo e sua base no Congresso estão envoltos em escândalos revelados pela CPI. São indecorosos os pedidos de propinas em vacinas que salvariam vidas. Descaso com as medidas sanitárias e atraso na vacinação que resultaram em mais de 500 mil mortes. O desemprego atinge mais de 15 milhões de brasileiros e brasileiras e mais 6 milhões que desistiram de continuar nessa busca. Crise social sem precedentes e a volta da fome. No supermercado ou nos postos de combustíveis, preços nas alturas e em constante disparada. Os bancos têm lucros recordes.
Enquanto isso, o que faz a base de Bolsonaro? Se concentra em nada menos que seis alterações profundas no sistema eleitoral e na Democracia em si. Com qual interesse? Perpetuação no Poder.
Das seis alterações, apenas uma traz alguma inovação estabelecendo cotas para a participação das mulheres nos parlamentos, ainda que existam ressalvas sobre outros pontos abordados por este projeto oriundo do Senado. Outra versa sobre o Fundão, aquele mesmo que Bolsonaro tanto criticava, mas que seus filhos e sua base quase triplicaram em volume de recursos. Esta e as outras quatro, são absolutamente controversas e inadequadas.
Por que controversas e inadequadas? Pois querem, sem mais nem menos, alterar o sistema de governo e todo o Código Eleitoral vigente, diminuindo a transparência e abrindo brechas a descaminhos, fraudes e à falta de controle público sobre o processo democrático. Isso tudo através de decisões a toque de caixa, com votações nas duas Casas Legislativas e sanção presidencial em cerca de 50 dias, apenas. Um golpe eleitoral com o aval da base política fidelizada pelas benesses.
Para se ter uma ideia, a última mudança de tamanha envergadura aconteceu com o Novo Código de Processo Civil de 2015, no qual todo o processo de análise e construção levou seis anos. Mudanças assim levam tanto tempo por um motivo evidente: produzem profundas alterações e impactam na vida de um país e sua sociedade. Portanto, precisam ser feitas de forma refletida, bem pensada e pactuada com todos os interessados.
A reforma política que está na pauta de Arthur Lira e Jair Bolsonaro não é a favor da democracia. Pelo contrário: busca concentrar poder na mão deste grupo político que hoje comanda o Congresso Nacional e a Presidência da República. Visa eliminar a disputa política com equidade, uma vez que retira o financiamento obrigatório às candidaturas de mulheres e negros. A alteração de eleição de deputados para o distrito majoritário visa acabar com a eleição de representações de segmentos sociais importantes na sociedade brasileira.
Este Congresso Nacional, por iniciativa do Governo Bolsonaro, aprovou uma reforma da previdência que acabou com o direito a aposentadoria. O atual Presidente da Câmara não pauta os mais de 120 pedidos de impeachment que estão em sua mesa, mesmo com um genocídio em curso e mais de meio milhão de vidas perdidas. Como poderíamos acreditar que uma reforma política agora seria benéfica ao povo brasileiro?
O que está acontecendo é uma irresponsabilidade. Um genocídio foi promovido no país a partir das ações de Bolsonaro e há uma crise social, econômica e humanitária sem tamanho. As pessoas estão à própria sorte e sem proteção. Enquanto isso, no mundo do presidente, você não está entre as prioridades. Longe disso. Para aquela turma, a prioridade é a sua manutenção no Poder.
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