Laudo confirma que ditadura torturou e executou Arnaldo Cardoso Rocha

Na manhã desta quarta-feira (11), a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, apresentou um laudo pericial que confirma a execução de Arnaldo Cardoso Rocha, nos porões do DOI-CODI, no dia 15 de março de 1973. À época, a ditadura militar justificou o falecimento de Rocha como “morte em combate”.

O anúncio ocorreu antes da abertura do debate “Direito à memória, verdade e justiça”, que faz parte da programação do Fórum Mundial de Direitos Humanos, em Brasília. Emocionada, Maria do Rosário ressaltou à viúva de Rocha, Iara Xavier Pereira, que, sem reparação, o Estado ‘não merece perdão”. “Não vou ousar pedir perdão à Iara Xavier. Ainda que acredite que o Estado deva redimir-se e revisar-se. Só poderemos ser perdoados como Estado quando repararmos essa história. Eu não entendo que o Estado brasileiro, nos dias atuais, mereça o perdão”, afirmou a ministra.

Iara pediu o fim da anistia aos torturadores e “assassinos” da ditadura militar. “A nossa luta dura 40 anos, esse ano completou 40 anos de sua morte. Nós queremos justiça, queremos que os agentes responsáveis por esse crime sejam punidos. Não nos movem os sentimentos de vingança, como muitos militares de pijama dizem”.

“Eu não entendo que o Estado brasileiro, nos dias atuais, mereça o perdão”, afirmou a ministra Mário do Rosário (Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
“Eu não entendo que o Estado brasileiro, nos dias atuais, mereça o perdão”, afirmou a ministra Mário do Rosário (Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Rocha integrava a Ação Libertadora Nacional (ALN) e foi capturado quando tinha 23 anos e teria sido. No mesmo dia outros dois integrantes da ALN, Francisco Emmanuel Penteado, 21, e Francisco Seiko Okama, 26, também foram mortos.

Laudo

A exumação do cadáver de Rocha foi feita no dia 12 de agosto de 2013, em Belo Horizonte. Segundo o perito Marco Aurélio Guimarães, o corpo estava em uma urna metálica e no local do sepultamento havia um alagamento, o que cooperou para a investigação. “Isso é inusitado e incomum, mas a natureza desejou que assim acontecesse. Com a inundação, aconteceu um fenômeno raro de preservação de alguns tecidos”, afirmou Guimarães. Dentro da urna, foram encontrados seis projéteis de arma de fogo.

Lesões identificadas nos ossos fizeram com que o perito encontrasse sinais de tortura. “Trauma com sangramento por baixo da camada óssea, isso só acontece quando há um grande impacto”, definiu.

A conclusão final do laudo pericial é que o tiro fatal que vitimou Rocha partiu de cima para baixo, quando o militante já estava indefeso e “sem condições de reação”.

Por Igor Carvalho – Fórum Mundial de Direitos Humanos a convite da organização

Publicado em Revista Fórum

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