Laudo confirma que ditadura torturou e executou Arnaldo Cardoso Rocha
Na manhã desta quarta-feira (11), a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, apresentou um laudo pericial que confirma a execução de Arnaldo Cardoso Rocha, nos porões do DOI-CODI, no dia 15 de março de 1973. À época, a ditadura militar justificou o falecimento de Rocha como “morte em combate”.
O anúncio ocorreu antes da abertura do debate “Direito à memória, verdade e justiça”, que faz parte da programação do Fórum Mundial de Direitos Humanos, em Brasília. Emocionada, Maria do Rosário ressaltou à viúva de Rocha, Iara Xavier Pereira, que, sem reparação, o Estado ‘não merece perdão”. “Não vou ousar pedir perdão à Iara Xavier. Ainda que acredite que o Estado deva redimir-se e revisar-se. Só poderemos ser perdoados como Estado quando repararmos essa história. Eu não entendo que o Estado brasileiro, nos dias atuais, mereça o perdão”, afirmou a ministra.
Rocha integrava a Ação Libertadora Nacional (ALN) e foi capturado quando tinha 23 anos e teria sido. No mesmo dia outros dois integrantes da ALN, Francisco Emmanuel Penteado, 21, e Francisco Seiko Okama, 26, também foram mortos.
Laudo
A exumação do cadáver de Rocha foi feita no dia 12 de agosto de 2013, em Belo Horizonte. Segundo o perito Marco Aurélio Guimarães, o corpo estava em uma urna metálica e no local do sepultamento havia um alagamento, o que cooperou para a investigação. “Isso é inusitado e incomum, mas a natureza desejou que assim acontecesse. Com a inundação, aconteceu um fenômeno raro de preservação de alguns tecidos”, afirmou Guimarães. Dentro da urna, foram encontrados seis projéteis de arma de fogo.
Lesões identificadas nos ossos fizeram com que o perito encontrasse sinais de tortura. “Trauma com sangramento por baixo da camada óssea, isso só acontece quando há um grande impacto”, definiu.
A conclusão final do laudo pericial é que o tiro fatal que vitimou Rocha partiu de cima para baixo, quando o militante já estava indefeso e “sem condições de reação”.
Por Igor Carvalho – Fórum Mundial de Direitos Humanos a convite da organização
Publicado em Revista Fórum