“Ele almeja ser ditador. Antes que consiga deve ser retirado”

O governador do Maranhão Flávio Dino opinou hoje que o presidente Jair Bolsonaro está com medo, justificativa para suas atitudes políticas cada vez mais agressivas.

 

“Na verdade, Bolsonaro está com medo da delação de Moro e de ser obrigado a mostrar o exame do coronavírus”, escreveu o governador.

 

Em decisão da quinta-feira passada, a juiza federal Ana Lúcia Petri Betto deu à União o prazo de 48 horas para que “dê efetivo cumprimento quanto ao decidido, fornecendo os laudos de todos os exames aos quais foi submetido o Exmo. Sr. Presidente da República para a detecção da covid-19, sob pena de fixação de multa de R$ 5 mil por dia de omissão injustificada”.

 

O prazo vence no início da semana. A Advocacia Geral da União informou que iria recorrer. De acordo com a AGU, o exame deu negativo.

 

Se porventura o presidente da República tiver mentido, abre-se uma larga avenida para um processo de impeachment.

 

Por outro lado, sem apresentar provas, a deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF) escreveu que o ex-juiz Sergio Moro, ao depor na Polícia Federal sobre as acusações que fez ao presidente, entregou gravações.

 

“Entregar os zaps com a afilhada foi fichinha, brincadeira de criança perto de gravar conversas com o Presidente da República e entregar um “ dossiê” gravar durante 15 meses o Presidente não é crime? Que atitude vil, que homem desleal!@SF_Moro TRAIDOR PROFISSIONAL!”, denunciou a deputada.

 

A menção aos “zaps com a afilhada” relaciona-se aos prints que Moro entregou a jornalistas para demonstrar que outra deputada bolsonarista, Carla Zambelli (PSL-SP), tinha oferecido a ele uma vaga no Supremo Tribunal Federal em troca de o ex-ministro da Justiça concordar com mudanças na Polícia Federal.

 

Zambelli, posteriormente, mostrou que fez duas ofertas a Moro, não apenas uma, sobre vaga no Supremo em troca de entregar a Bolsonaro o controle total da PF.

 

Moro argumenta que Bolsonaro quer o controle da PF para ter acesso a informações privilegiadas de inquéritos em andamento e mudar os superintendentes no Rio de Janeiro e Pernambuco.

 

O Supremo Tribunal Federal bloqueou a indicação de um amigo de Carlos Bolsonaro como diretor-geral da PF. O vereador é o principal suspeito de articular a rede de assassinatos de reputação contra adversários do pai nas redes sociais.

 

Hoje, em Brasília, Bolsonaro participou de um encontro com apoiadores depois que eles fizeram uma carreata pela capital, com palavras de ordem contra o Congresso e o STF.

 

“Peço a Deus que não tenhamos problemas nessa semana. Porque chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla-mão. Não é de uma mão, de um lado só não. Amanhã nomeamos novo diretor da PF e o Brasil segue o seu rumo aí”, afirmou durante o evento.

 

“Temos o povo ao nosso lado e as Forças Armadas ao lado do povo”, sugeriu, depois de violar mais uma vez as normas do isolamento social.

 

“STF, preste atenção: sua toga vai virar pano de chão”, gritaram manifestantes. Um grupo deles agrediu um fotógrafo e um motorista a serviço do diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo, que é quem está requerendo os resultados de exames da covid-19 feitos por Bolsonaro.

 

“As Forças Armadas devem obediência ao Supremo, e não o contrário. O poder militar é subordinado aos TRÊS Poderes. Aliás, qualquer deles pode determinar a garantia da lei e da ordem em face de ações desses grupelhos de agressores. Está no artigo 142 da Constituição Federal”, respondeu mais tarde Flávio Dino.

 

Alarmada, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) escreveu: “O país, as instituições e a sociedade não podem e não devem ser submetidos a um presidente que agride cotidianamente a Constituição. A própria Constituição nos oferece saida. E a saída é Bolsonaro fora do governo. Ele almeja ser ditador. Antes que consiga deve ser retirado”.

 

Publicado em: VioMundo

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