Após depoimentos de Chaparini e Maria do Rosário, FNDC lança no RS relatório de violações à liberdade de expressão

O jornalista do Jornal Já, Matheus Chaparini, e a ex-ministra e deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) fizeram depoimentos de violações à liberdade de expressão que sofreram no 1º Encontro Gaúcho pelo Direito à Comunicação (EGDC), no início da noite desta sexta-feira (27), no auditório da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre.

 

O evento é promovido pelo Comitê Gaúcho do FNDC com apoio da Fabic da UFRGS e várias entidades sindicais e movimentos sociais, e continua neste sábado, às 9h30, até as 18h, no mesmo local.

 

Chaparini estava entre as dez pessoas presas durante a desocupação da Secretaria Estadual da Fazenda no dia 15 de junho de 2016. “Na época em que aconteceu, os jornalistas mais velhos vinham conversar comigo apavorados porque essa prática era comum na ditadura e não hoje em dia”, lembrou.

 

O repórter contou também que, desde 1989 não acontecia prisão de jornalista no Rio Grande do Sul, mas que em 18 meses, já houve duas, a dele e a do  estudante de jornalismo Douglas Freitas, detido na Praça da Alfândega, quando estava cobrindo a ação de um pelotão de choque da Brigada Militar no final do ato em defesa da Cultura e contra a censura à exposição Queermuseu, no Santander Cultural, no dia 12 de setembro.

 

As agressões sofridas pela repórter Vitória Famer, da Rádio Guaíba, após a cobertura de um ato público em frente ao Paço Municipal, no centro de Porto Alegre, dia 21 de junho, quando integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) entraram em confronto com servidores, também foi citado por Chaparini. “É absurdo não poder fazer o nosso trabalho. O próprio prefeito de Porto Alegre disse que a imprensa da capital tem a mania de ouvir os dois lados”, criticou.

 

 

Os defensores dos direitos humanos estão em risco

 

Maria do Rosário foi categórica ao afirmar que “todos os defensores dos direitos humanos estão em risco”. De acordo com ela, nos dias atuais é preciso defender a Constituição e ter sempre em mente o artigo 5º. “Isso acontece por causa da diminuição do sentido de democracia do país”, acredita a parlamentar.

 

“A comunicação é um direito público e humano. Diferente do direito de informação, que tem matriz liberal. Nem isso estamos tendo. Não temos alcance pra defender a dignidade humana”, declarou ao contar que nem uma matéria referente ao tema anda no Congresso.

 

A deputada avalia que os interesses dos grupos de comunicação se misturam com os outros interesses. “Não podemos debater gênero, não podemos ter acesso à arte. Estamos vivendo censura de classe e de ideias de esquerda”, enfatizou.

 

Calar Jamais!

 

Os depoimentos precederam o lançamento estadual do relatório “Calar Jamais! – Um ano de denúncias contra violações à liberdade de expressão”, do FNDC. A publicação foi apresentada pela ex-presidente da Fenaj e secretária de Comunicação do FNDC, Beth Costa.

O relatório está disponível em versão digital, documenta cerca de 70 casos apurados, organizados em sete categorias. A censura ao jornal da CUT-RS sobre a Reforma da Previdência pelo deputado Heitor Schuch (PSB), que obteve liminar para recolher exemplares, é um dos casos registrados no relatório.

 

Clique aqui para acessar o relatório.

 

Beth contou como surgiu a campanha Calar Jamais. “Gostaríamos que essa campanha não existisse. Mas acredito que estamos colaborando com um mecanismo de resistência. A plataforma de denúncia é aberta e qualquer pessoa pode enviar o seu depoimento”, explicou.

 

Também foram exibidos dois vídeos da campanha Calar Jamais!, que estão disponíveis no site do FNDC.

 

Assista!

Calar Jamais
Calar Jamais

 

 

 

 

 

 

 

Calar Jamais 2
Calar Jamais 2

 

Fonte: CUT-RS com Comitê Gaúcho do FNDC

 

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