Votamos pela investigação de Temer

O caso de Temer é de uma gravidade ímpar. Trata-se da primeira vez na história brasileira que um presidente é denunciado por crime comum no exercício da função. Diferente do que afirma a defesa e o próprio acusado, não se tratam de ilações ou do fruto de delações sem provas factuais, mas de denúncias graves e ancoradas em provas concretas. Baseia-se num áudio, periciado, de uma conversa clandestina em que Temer incentiva Joesley Batista a manter, por meio de dinheiro, o silêncio de Eduardo Cunha, atualmente preso. Há ainda o “Decreto dos Portos” e o vídeo em que seu assessor de confiança, Rocha Loures, deixa um restaurante carregando uma mala com R$ 500 mil.

 

Por se tratar do presidente da Nação, a Constituição prevê que, caso seja objeto de denúncia, o procurador geral da República deverá encaminha-la à Câmara dos Deputados que, admitindo, remeterá a mesma ao Supremo Tribunal Federal para que seja julgada. Neste momento, a Câmara responde a seguinte questão: as graves denúncias contra Temer devem ser apuradas ou o poder vale mais que a justiça?

 

Na Comissão que analisa a admissibilidade da denúncia o relator, deputado Sérgio Zveiter, acatou o pedido de abertura da denúncia por considerar que os indícios de materialidade são suficientes, posição da qual partilho integralmente. O Legislativo, tão desacreditado e distante da população, deve dar uma demonstração de respeito por aqueles que nos elegeram aprovando o prosseguimento da denúncia. É preciso que todos conheçam os rostos dos que vierem a optar por salvar Temer em troca de benefícios. Defendemos que a sessão que tomará a decisão final seja em um domingo.

 

Aquele que chegou ao Planalto por meio de tenebrosas transações que objetivavam subtrair o patrimônio de nossa pátria e os direitos do povo deve ser investigado, mas antes de tudo afastado da Presidência. Só assim cessará sua possiblidade de valer-se do cargo que ocupa para perpetrar crimes e obstruir a Justiça.

 

*Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS)

 

Publicado no jornal O Povo

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