Violência contra as mulheres na Caravana Lula no RS
A Caravana Lula no Rio Grande do Sul teve início no dia 19 de março, em Bagé. A Caravana é um movimento pacífico e democrático que busca o diálogo do ex-presidente da República e de parlamentares do PT com a população.
Ainda que seja um movimento político, a Caravana Lula pelo Rio Grande do Sul, desde o seu início, foi perseguida ferozmente por milícias armadas, da extrema direita, que não tinham a intenção de oferecer um contraponto ao discurso do partido, mas impedir, pela via da violência, o diálogo legítimo de Lula com gaúchos e gaúchas.
A ação desses grupos paramilitares não pode ser aceita com leniência pelo Estado brasileiro. Eles atacam as liberdades políticas, o direito de ir e vir, as instituições e as prerrogativas exclusivas do Estado. Foi uma irresponsabilidade dos governos estadual e federal, que neste quadro, mesmo com o alerta da direção do PT, não tenham garantido a segurança da Caravana, dos militantes, simpatizantes e profissionais de comunicação.
Não é secundário registrar que a segurança dos ex-presidentes da República Lula e Dilma, e dos ex-governadores do RS Olívio e Tarso, não foram devidamente cumpridas pelas autoridades no governo.
Somente contando com essa permissividade é que as milícias criminosas bloquearam ruas e rodovias. Mas mais grave: atacaram e agrediram pessoas, jovens e mulheres, em sua maioria.
Em Cruz Alta, Ieda Alves, Daniele Mendes, Suzana Machado Ritter e Deise Mirom foram covardemente agredidas por essas milícias armadas. Deise Mirom foi tão brutalmente espancada que está internada em um hospital. Em nome destas quatro mulheres, registramos nossa solidariedade a todas as pessoas que foram agredidas nesta jornada por exercerem sua cidadania política, ou até mesmo profissionais de imprensa no exercício da profissão.
Mais do que responsabilizar estes grupos fascistas por atos brutais e inconstitucionais, precisamos saber qual a responsabilidade dos governantes diante de tais fatos e de parte da mídia, que muitas vezes incita a violência contra a militância de esquerda que participava de um ato pacífico.
Se o objetivo era nos calar, saibam que não conseguiram. E não conseguirão jamais. Seguiremos fortes na luta por um Brasil mais justo, democrático e igualitário.
Esses atos não podem ficar impunes. Os que disseminam o ódio incitaram a formação de grupos que não são representantes de opiniões políticas, mas do terror. Medidas urgentes devem ser tomadas e os agressores punidos.
Porto Alegre, 24 de março de 2018.
Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS)
Foto: Guilherme Santos/Sul21/Divulgação