Maria do Rosário doa indenização recebida de Jair Bolsonaro para combate a violência contra as mulheres
Na tarde desta terça-feira (19) a deputada federal Maria do Rosário promoveu ato para doação da indenização que recebeu de Jair Bolsonaro, condenado por danos morais pela Justiça do Distrito Federal, em processo que a parlamentar gaúcha moveu contra o então deputado. A indenização no valor de aproximadamente 20 mil reais, foi repassada para sete entidades que atuam no enfrentamento a violência contra as mulheres e meninas. O valor final conta com a as sucumbências doadas pelo escritório de advocacia, e também acrescidas de juros.
Durante o ato, a deputada afirmou que as posturas de Jair Bolsonaro e de seus seguidores têm gerado violência de forma compulsiva no Brasil e dedicou a vitória para as mulheres que se mantém de cabeça erguida. “Mesmo quando os homens se erguem de forma machista com ódio e desvalorização, quando tentam nos desprezar, saibam que nós somos mulheres que não baixaremos a cabeça em nenhum momento”, afirmou a parlamentar gaúcha, acrescentando que no ” no Brasil a lei deve ser cumprida por todos”.
As entidades que receberam a doação são de diversos estados brasileiros e atuam no combate a violência contra as mulheres. São elas o Instituto Makarapy (MA), o Coletivo Feminino Plural (RS), a Casa Renascer/Cedenpa (RN), o CFemea (DF), Proame (RS), Criola (RJ) e a União de Mulheres de São Paulo (SP). Cada uma delas recebeu o valor de R$ 2.873,43 que será usado na conscientização e enfrentamento à violência contra mulheres e meninas, inclusive nos atendimento a vítimas.
A representante dos povos indígenas, Cinthia Guajajara, do Instituto Makarapy, agradeceu a doação da deputada Maria do Rosário e ressaltou a importância deste ato. “Essa coragem que você passa para nós, a gente repassa para nossas jovens, para que elas aprendam a se defender e lutar pela igualdade de gênero”, ressaltou.
Além de diversas deputadas e deputados, também participaram os advogados que representaram a Deputada Maria do Rosário no caso. O Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Dr. Cezar Britto e a advogada Camila Gomes, que reafirmou a importância da vitória. “A imunidade Parlamentar é um instrumento em defesa da democracia, e a defesa da democracia pressupõe a defesa dos direitos das mulheres”, lembrou a advogada.
Processo – Em 2014, o então deputado Jair Bolsonaro disse que não estupraria Maria do Rosário porque ela “não merecia”. No dia seguinte, reafirmou as declarações em entrevista ao jornal Zero Hora: “É muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”. A declaração deu origem a duas ações penais no STF (Supremo Tribunal Federal) e a uma ação cível, movida na justiça do Distrito Federal.
Bolsonaro apresentou recurso ao Supremo alegando imunidade parlamentar, o que foi negado. Como parte da condenação, o presidente publicou um pedido de desculpas à deputada nas redes sociais em junho deste ano. As ações penais estão suspensas temporariamente e podem retornar a apreciação do STF ao final do atual mandato de Jair Bolsonaro.
Assessoria de Comunicação