Em defesa dos Institutos Federais

Não é possível que a crise política e institucional contamine umas das áreas mais importantes de uma nação

Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) conseguiram em pouco tempo levar educação pública, gratuita e de qualidade para todas as regiões do país. Só no Estado são três IFs. Hoje, essa rede conta com mais de 640 escolas, em 568 municípios, e promove um conjunto de políticas públicas educacionais voltadas ao mundo do trabalho, partindo de uma perspectiva cidadã e primando pela inclusão social.

 

A excelência da educação ofertada é visível se considerarmos, por exemplo, os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), de 2015, que apontou que, se fosse um país, a rede federal de educação profissional alcançaria a 11ª posição no cenário mundial em ciências, à frente da Coreia do Sul, dos Estados Unidos e da Alemanha. Ao aliar ensino, pesquisa e extensão os IFs conseguem promover uma educação mais integral e ao mesmo tempo atrativa para os estudantes.

 

Contudo, a despeito de seu sucesso, a continuidade desta política corre sérios riscos. Apenas em 2017 o governo Temer cortou 10% do orçamento de custeio e 30% do de investimento. Na prática, só há recursos para pagar as contas. Sobra pouco para compra de material, realização de atividades didáticas e contratação de serviços essenciais para as instituições. Em 2018, devido à PEC do Teto dos Gastos, o cenário pode ser ainda pior, pois o orçamento é baseado nos valores executados este ano.

 

Para termos um exemplo na nossa aldeia. Somente no Instituto Federal do Rio Grande do Sul, o corte foi de R$ 5,5 milhões. Em termos de recursos para investimentos, dos R$ 3,8 milhões previstos, apenas R$ 1,1 milhão foi liberado. Medida que implicará no desmonte de laboratórios e compra de equipamentos de toda ordem.

 

Ao conceber a educação como gasto e não como investimento, ao ignorar que a educação profissional e tecnológica é condição para o desenvolvimento social e econômico, o governo federal penaliza uma geração inteira e coloca em risco o futuro do país. É preciso reverter este quadro. Não é possível que a crise política e institucional contamine umas das áreas mais importantes de uma nação.

 

 

Por: Deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) publicado em 25/06/2017 na Zero Hora.

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